A discussão é antiga mas não perde actualidade. Sérgio Santos pede "coragem". Bruno Pais exige "mais estágios" e Rita Ribeiro Já reconhece alguns jovens bem encaminhados para Paris 2024.

Dr João Morais

“Quando falamos de qualificação Olímpica, devemos ter a coragem e clareza para apenas apoiar os atletas com reais possibilidades”. A frase do treinador Sérgio Santos dá o mote para a discussão sobre o modelo de apoio federativo. “Até ao escalão Junior, existem muitas incertezas e condicionantes, e como tal, os grupos devem ser mais alargados, com acesso a muitas competições internacionais que sejam financeiramente favoráveis para não serem efetuados investimentos elevados em jovens que ainda têm muito para decidir. Já com os atletas envolvidos na qualificação Olímpica, o investimento deve ser circunscrito a poucos atletas, com reais condições para se virem a qualificar”, explica Sérgio Santos. Talvez por isso, não quer adiantar nomes de promessas olímpicas para 2024.

Bruno Pais também se recusa a abrir a casa de apostas para Paris. “Nomes? Existem alguns…” A resposta lacónica volta a centrar a discussão naquilo que o ex-olímpico considera importante: onde investir? “Devíamos apostar em mais estágios fora dos locais habituais de treino. Só assim é possível ter atletas totalmente concentrados no treino e no descanso. Será uma aposta ganha de quem seguir este modelo”, explica.

A treinadora Rita Ribeiro reconhece já alguns atletas bem encaminhados para integrarem o projecto Paris2024. É o caso de Maria Tomé, que considera ser uma “lutadora” e com boa “capacidade de adaptação às condições das diferentes provas”. Somam-se ainda os nomes de Vasco e Vera Vilaça, Ricardo Batista e Madalena Almeida que, para Rita Ribeiro, justificam o rótulo de “esperanças olímpicas” pelo “percurso nas camadas jovens, experiência de vida e bons resultados que têm demonstrado”. A estes nomes, a treinadora lança junta ainda, pelo “excelente percurso desportivo”, os nomes de Gil Maia, João Nuno Marote, Francisco Luís, Duarte Santos e Bernardo Boal.

Ao contrário de Rita Ribeiro, Sérgio Santos recusa o desafio de apresentar nomes, preferindo identificar um perfil. “Os atletas com maior probabilidade para estar em Paris 2024, são na realidade, os que vão estar em Tokyo2020, com idades até aos 30-32 anos, e que continuem motivados para treinar e competir no ciclo Olímpico seguinte. Numa segunda linha, aparecem todos os atletas que vão tentar participar em Tokyo2020, que vão falhar por pouco, mas que com mais experiência e treino, vão chegar ao nível necessário quatro anos mais tarde. Finalmente, em menor quantidade, aparecem os atletas mais jovens, na sua maioria Sub23 nesta altura, já com alguma experiencia competitiva internacional nos escalões de elite em taças continentais e taças do mundo. Todos estes atletas vão ter necessidade de apostar no treino de forma prioritária pelo menos a partir de 2022 quando a qualificação Olímpica para Paris começar”, resume o treinador.