Habituada a receber atletas, a Herdade da Cortesia HERDADE DA CORTESIA é um recanto de silêncio e boa energia a 1km de Avis. Tudo ali é disponibilidade, cuidado e conforto. Parece que alguém decidiu pintar um quadro e habitá-lo, sem pressas.

Ao fundo da estrada, à direita, aquilo que o Homem construiu confunde-se com as cores e as formas do Alentejo. Como se a planície deslizasse inteirinha pelas portas de vidro e se estende-se depois, sem fronteiras, até ao espelho de água da barragem do Maranhão.

A Herdade é um recanto gigante a pouco mais de 1 quilómetro de Avis. Cortesia é nome próprio, porque tudo ali é disponibilidade, cuidado, conforto. Essas coisas de que são feitos os sítios onde queremos voltar. “É aquele lugar onde o hóspede comum se pode cruzar com o atleta olímpico. A mistura, apesar de ser invulgar, torna o hotel num lugar muito especial”, testemunha Sérgio Marques, a maior referência do triatlo longo português.

Com apenas 30 quartos , a Herdade da Cortesia quer preservar o ambiente familiar de um refúgio onde se têm recolhido as principais estrelas da alta competição “Respira-se uma verdadeira paixão pelo desporto e uma das principais razões é que o seu proprietário foi remador e pensou de raiz o hotel para que tivesse as valências necessárias para o treino, não só de Triatlo como de outras modalidades”, explica o treinador Lino Barruncho. Um dos exemplos desse cuidado é o ginásio debruçado sobre a barragem, meticulosamente equipado com tudo o que é preciso para cuidar do corpo ao mais alto nível. A probabilidade de se cruzar com os “pesados”, ou “ligeiros” do remo é acentuada. São várias as seleções de topo mundial que escolhem a herdade para fazerem boa parte dos seus estágios de preparação.

O silêncio não corre

Tudo ali foi pensado para que nada se estranhasse. A madeira e o vidro confudem-se com os socalcos e o tom da paisagem. Parece que alguém decidiu pintar um quadro e habitá-lo sem pressa. Para quem não está preparado, o silêncio pode incomodar. A única coisa que corre na herdade é a brisa e os atletas, muitos deles remadores olímpicos, que disfrutam da paisagem e das condições para treinar ao mais alto nível. Tudo o resto fica impenetrável ao tempo, sobretudo quando o sol se despede. Cada pôr-do-sol na Herdade é um momento que não se pode perder.

Os quartos são grandes, térreos e com longas janelas de vidro que se estendem sobre o exterior. “São únicos e muito confortáveis”, resume Sérgio Marques. As camas têm 2,10m por 1,90m. Chega? Pelas características da cama, colchão e lençóis incluídos, a herdade optou por ter um pequeno-almoço sem horas.

O amarelo não enagana

Há sinais que não enganam. O pequeno-almoço é um banquete de mimos. Podemos começar pela cor dos ovos, estrelados ou mexidos, são amarelo de verdade, daquele que não se fabrica. Quando o Alentejo começa logo nos ovos, o resto do repasto não pode desiludir. “Arrisco-me a dizer que é um dos melhores do mundo”, confessa Lino Barruncho. A Herdade abraça os visitantes pelo estômago. A cozinha reinventa os sabores da gastronomia alentejana, agarrando-se a herança das tradições locais e da cultura da terra. Melanie Santos, triatleta que irá representar Portugal em Tóquio resume: “Comida caseira, saborosa e muito saudável, com vários pratos típicos.”

ONDE NADAR?

O Hotel tem uma piscina exterior com 25 metros e acesso directo à barragem. “No verão, a água da barragem até é quente para nadar com fato de neoprene”, aconselha Sérgio Marques. Existe uma pista de remo com cerca de 2.000 metros, com boias de sinalização, o que ajuda organizar o treino. Lino Barruncho sublinha que a temperatura da água da barragem é boa a partir de Abril. “O hotel está equipado com barcos de apoio, pranchas e pontões flutuantes”, acrescenta o treinador.

ONDE CORRER?

É possível escolher aquilo que melhor se adapta ao treino planeado. Há estradões de terra batida junto da barragem, estradas boas para séries e estradas com mistura de betuminoso. A paisagem ajuda a uma corrida pouco monótona, entre montes e aldeias. “Tenho uma preferência por estradões de terra batida para fazer quilómetros com menos riscos de lesão”, confessa Sérgio Marques. Para Lino Barruncho, “o que fica na retina são os circuitos na beira da barragem que são de uma beleza rara”.

ONDE PEDALAR?

Há um Alentejo inteiro à escolha. É só escolher norte, sul, este, oeste. Rompe pernas, plano, alguma montanha, está tudo perto e com estradas com pavimento em muito bom estado. “Tenho tido o prazer de fazer quilómetros na zona, já tenho muita volta marcada mas com tanto ainda por explorar”, detalha Sérgio Marques. Para Lino Barrunho, “toda a zona de Avis é excelente. Uma das grandes vantagens é não haver trânsito e ser bastante seguro”, destaca o treinador que já orientou vários estágios na herdade.

Vanessa Fernandes em Atenas 2004
 Melanie a experimentar os trilhos junto à barragem