Triatleta do F.C. Ferreiras pilotou o avião que foi à China buscar material sanitário e médico para os Açores.

Jorge Gaspar, o piloto solidário

Pouco passava das 15 horas do dia 11 de Abril quando a “lata”, como Jorge Araújo se refere ao avião, levantou voo de Lisboa rumo à China. Missão? Fazer 24 mil km para ir buscar material sanitário e médico que estava em falta na Região Autónoma dos Açores. Ouro nos dias que correm. A bordo, uma equipa de 11 elementos constituída por seis pilotos, uma chefe de cabine, dois técnicos de manutenção e dois oficiais de placa, para além de uma vasta equipa em terra que preparou ao pormenor a viagem.

Jorge Gaspar, piloto e triatleta do Ferreiras, não se vai esquecer daquele voo. Em 22 anos de Sata, nunca tinha vivido nada assim. “Durante esta viagem ocorreu para mim um dos momentos mais reconfortantes e ao mesmo tempo revelador do espírito com que todos encarámos esta missão. Nestes dias, o acesso ao aeroporto de Shanghai estava bastante complicado, pois de um momento para o outro todo o mundo estava a ir recolher material á China, nomeadamente a este aeroporto. A título de exemplo, estivemos cerca de quatro dias a aguardar autorização para realizar o voo, e quando autorizados, tínhamos apenas 4 horas para carregar o avião por imposição das autoridades locais. Com as alterações que foram feitas no avião para transportar o material, o carregamento tinha de ser feito manualmente, sendo necessário criar um cordão humano para carregar todas as caixas. Devido à falta de pessoal local, este carregamento ia exceder o tempo limite. De repente, vestimos todos os fatos de proteção e, num esforço Luso-Asiatico, foi reconfortante ver todos os meus colegas espalhados pela cabine com os colegas chineses a carregarem o avião e assim permitir que toda a carga fosse transportada”, recorda o piloto.

“O desporto,em particular a disciplina que o triatlo nos ensina, ajudou-me bastante a criar novas rotinas, a planear a e cumprir o plano", Jorge Gaspar - piloto

Contas feitas, 22.400 máscaras de proteção filtrantes, 240 mil máscaras cirúrgicas, 300 mil luvas, 33.500 óculos e 20.300 batas. “Toda a minha vida profissional está ligada à Sata e à Região Autónoma dos Açores e poder devolver um bocadinho do tudo que me deram é algo que me reconforta bastante”, explica Jorge Gaspar.

Para a história fica a viagem ao outro lado do mundo e os ensinamentos do triatlo para o cumprimento da missão. “A disciplina, a organização e aquele sentido de cumprimento do plano apesar das adversidades. Para uma pessoa que está sempre em movimento, em estadias, de repente o facto de estar confinado cria uma dificuldade de adaptação. Aqui o desporto e em particular a disciplina que o triatlo nos ensina, ajudou bastante a criar novas rotinas, a planear e a cumprir o plano”, resume o piloto.

(LEIA O ARTIGO COMPLETO NA EDIÇÃO Nº15)