Capa

Editorial


...3mbora lá!!!
"O que é que pensas quando estás na partida?"
Esta foi uma das várias perguntas que jovens triatletas dos diversos escalões do nosso campeonato nacional de triatlo colocaram ao João Pereira na entrevista que apresentamos neste número.
A resposta do João não se fez esperar: "Penso que estou a fazer o que sempre quis fazer e que vou dar o meu melhor para colocar em prática todo o trabalho que desenvolvi nos treinos." Achei graça à questão e transportei-a até nós, Sofia e Miguel, para vos explicar qual é exatamente o nosso estado de espírito ao publicar esta primeiríssima edição da Triatl3ta.
Estamos um pouco como o João Pereira. Naturalmente expectantes, mas ao mesmo tempo tranquilos na linha de partida. Prontos para dar o nosso melhor.
Atentos, ouvindo e dando voz a uma modalidade que apesar dos excelentes resultados obtidos, dentro e fora das nossas fronteiras, tem merecido pouca atenção por parte da nossa comunicação social. Restava-nos apostar numa publicação que fizesse eco de tudo aquilo que se tem feito e irá fazer à volta do triatlo e dos seus intervenientes.
Bastou-nos um ano apenas, convivendo prova após prova, ouvindo atletas, treinadores, organizadores, pais e alguns patrocinadores, para perceber que esta publicação faz todo o sentido de existir, assumindo-se como um espaço privilegiado de reportagem e promoção da modalidade.
A Triatl3ta é necessariamente um projeto comum a todos os praticantes. A nossa aposta é a divulgação do Triatlo e dos feitos dos nossos triatletas. Mas quem melhor do que os próprios para falar desta matéria?
Por isso, a aposta da Triatl3ta passa por chamar para si uma participação muito ativa por parte dos triatletas no seu corpo de redação. Assinarão reportagens, escreverão crónicas, opiniões, contaremos histórias, relatos, editoriais... Este será sem dúvida o vosso espaço. Serão aqui publicadas as vossas provas, ficaram aqui registados nas "flash interview" os vossos desabafos. Privilegiaremos o registo das emoções, porque acreditamos que são essas mesmas emoções que moverão este projeto para a frente.
De nós, Sofia e Miguel, enquanto editores deste projeto, irão sempre contar com a mesma disponibilidade com que nos conheceram. A paixão pelo triatlo é comum e o universo de triatletas é o nosso grupo de trabalho.
Façam desta, a vossa revista. Participem ativamente com ela, seja de que modo for, pois só assim crescerá.
Por isso, alinhados na linha de partida com todos vocês, vamos iniciar a nossa prova.
‘BORA LÁ!!!!!!!
Sofia e MiguelSumário
Um dia com...
Liliana Alexandre
Sporting Clube de Portugal
Pedro Gaspar
Portugal Talentus
Competição
Cascais Triathlon
Taça de Portugal de Triatlo
Olimpic Plus
Cascais Triathlon Half Distance

Vila Nova de Cerveira
Taça de Portugal PORTerra
Montemor-o-Velho
Campeonato Nacional Jovem
Taça de Portugal de Triatlo
Douro Internacional Triatlo
Campeonato Nacional Jovem
Campeonato Nacional Longo Grupos de Idade
Crónica
Por David Caldeirão
Clube de Natação de Torres Novas
Escola de Triatlo

Homeopatia
Transição - Prevenir Lesões
Por Tiago Silva
Noticiário
Cozumel
Breves
Agenda
João Pereira
"É isto que eu quero fazer"
João, começando mesmo pelo princípio, como é que surgiu o triatlo na tua vida?
O triatlo surgiu na minha vida muito por acaso. Eu sempre tive muita facilidade para correr e acho que foi daí que surgiu o triatlo. De uma forma muito resumida, eu frequentava o 12º ano, estava a fazer contas para entrar na faculdade, pois queria entrar em ciências do desporto, aqui na FMH (Faculdade de Motricidade Humana, ndr) e a minha média não era muito boa. A educação física no meu ano contava para a média geral e, então, esforçava-me um pouco mais nessa disciplina. Num dos “Testes Cooper”, o meu professor ficou impressionadíssimo com os meus resultados, pois não vinha da competição, não competia em nada e os resultados eram bastante bons para quem nunca tinha praticado desporto.
Eu, desde o 7º ano que não fazia aqueles corta matos escolares e outras provas do género, porque não gostava daquele ritmo competitivo e toda a competição envolvida. Mas acho que abordei bem a ideia e acabei por conseguir contrariar esse movimento que eu tinha ao longo dos anos. O meu professor conhecia um treinador de triatlo, Nelson Gomes do Alhandra e acho que foi a minha sorte!
Fui ter com ele e, nos primeiros dias era mais ou menos assim: “ok...tu sabes correr, mas nadar...” Eu nadava 25 metros e tinha que parar! E a pedalar, tinha também somente as bases e a resistência que vinham da corrida, mas também não tinha base nenhuma. Então foi um bocado tentar experimentar o triatlo, sempre com base no atletismo. Não sabia minimamente que ao final de um ano estaria com um estatuto de alta competição, porque tinha participado no Europeu e daí consegui entrar na FMH.

Então, antes de fazeres triatlo, não tinhas qualquer experiência noutros desportos?
Eu sempre tive muita sorte, porque os meus pais moram na costa marítima, ali na zona da Foz do Arelho, e então praticava tudo quanto eram desportos aquáticos, surf, ski, muito BTT, Moto 4. Sempre tive grande experiência nestes desportos todos e tinha um grande desenvolvimento dessas motricidades nas várias disciplinas. Acho que isso tudo facilitou depois para conseguir fazer um transfer por disciplinas. Mas sim, a base da natação não tinha, a base da corrida não tinha, e a base do ciclismo, de maneira alguma, também não tinha.
Começaste no Alhandra, como disseste. Quando é que mudaste para o Benfica e como é que sentiste essa mudança na tua vida?
Quando eu fui para o Benfica, foi numa altura em que tinha falhado os Jogos em 2012, em que os resultados não eram aqueles que eu pretendia. Foi a partir desse momento, em que eu entrei no Benfica, que comecei a sentir-me como um atleta profissional e que comecei a conseguir viver do desporto. O Benfica, sem dúvida, é quem nos possibilita sermos atletas de alta competição e trabalharmos para o desporto. E, sem dúvida alguma, nisso tenho sempre que agradecer e ser bastante grato ao Benfica.
Falaste dos jogos de 2012 onde falhaste o apuramento. De que forma é que isso contribuiu para a tua evolução enquanto atleta? Há muitos atletas que se tivessem falhado os jogos, se calhar tinham “encostado”...
Quando falhei os jogos de 2012 foi como se eu tivesse visto; - “Ok, é isto que eu quero fazer. Não posso falhar de maneira nenhuma 2016. Vou aplicar-me ao máximo para conseguir lá chegar e dar o meu melhor.” Então, acho que foi ter falhado os jogos de 2012 que me possibilitou ver que mesmo quando nem tudo corre bem, temos que dar muito para poder receber de volta. Agora penso que estou a receber um pouco de todo o trabalho que tive, mas o meu objetivo é conseguir chegar ainda mais longe daqui a quatro anos. Então, vou continuar a dar ainda mais para conseguir receber mais alguma coisa.
2014, foi uma época em grande. Tiveste aquele mítico sprint, no Campeonato do Mundo de Triatlo WTS em Londres, com os “tubarões” do triatlo. O que é que sentiste naquele momento?
Era uma prova sprint. Nas provas sprint, sinto que se podem abordar de outra forma. Quando eu ia a correr, ainda em oitavo com o grupo todo, ia naquela sensação: “bem se eu perder com estes todos já é bastante bom” e só a querer dar o máximo quando chegasse à reta da meta! Com o Alistair a poucos metros à frente, comecei a ver que ele estava a falhar e dei por mim a pensar – “ eu não acredito, é impossível ele estar a falhar” – e eu dei o que não tinha e consegui passá-lo. De certa forma, esta prova foi para mim um ponto de viragem para a minha confiança. De certa forma, comecei a ver que era possível chegar mais longe e que tinha potencial para andar mais e mais.
Nessa mesma época, a ITU, atribuiu-te um “prémio” de revelação da época. Como é que te sentiste ao ter esse “prémio”?
Eu considero que 2013/2014 e agora 2017/2018 não são anos mais fáceis, mas são anos em que o apuramento olímpico ainda não está a contar e onde há mais oportunidades para atletas que estão a querer aparecer e entrarem em grande forma. Porque há inúmeros atletas que, agora no final dos jogos, tiram um ano para fazer um determinado número de coisas da sua vida pessoal, que depois não conseguem e então acho que é um ano de oportunidades. Ter recebido esse prémio, e não querendo retirar o meu mérito pessoal por ter recebido esse prémio, senti que, se era considerado uma revelação, então significava que era porque conseguiria ir mais longe. Tenho trabalhado para isso. Depois de este ano, o objetivo não foi, de forma alguma, o campeonato do mundo. Foi conseguir fazer uma boa prova nos jogos olímpicos. No ano anterior parece que não me senti tão forte, mas também é muito difícil conseguir estar ali na consistência dos cinco primeiros. São muitas provas, há sempre muito a ajustar. O meu objetivo como carreira desportiva é conseguir sempre manter-me ali no Top 10 do ranking mundial na finalíssima e é isso que tem acontecido, por isso estou bastante satisfeito.
Tens sido bastante consistente nas tuas épocas, no entanto, cerca de uma ano e meio antes do Rio, já estavas apurado. Isso deu-te algum conforto, alguma confiança?
Bom, isso fez-me ver um pouco as coisas de outra forma. Como já tinha conseguido o apuramento, o objetivo passou a ser outro e tive que mudar um pouco a agulha. Assim, o objetivo passou por chegar mais longe e fazer melhor. Passou por tentar chegar ao Rio com a mesma performance que consigo estar no meu melhor nas outras provas.

Como é que é o João antes das provas? É tranquilo? É ansioso?
(riso) Antes das provas acho que é um pouco ansioso. Acho que é normal. É todo um investimento da minha vida posto em prática, acho que é uma pessoa ansiosa, com os pés assentes na terra, mas podia ser um pouco mais confiante. Não gosto de não me estar a sentir forte, se não começo a perder um pouco a confiança. Mas acho que é uma pessoa calma, pacífica, tranquila. Gosto de competir, gosto de dar o meu máximo, gosto de vencer, mas sempre dentro de tudo que seja possível fazer, de maneira que não prejudique os meus adversários.
Fala-nos um bocadinho da tua estreia nos jogos. O que é que sentiste, como é que foi cada segmento, o que é que foi mais difícil, o que é que te deu mais prazer...
Na minha estreia dos jogos o mais difícil foi, sem dúvida, toda a incerteza que havia antes da prova – “Será que estou a andar? Será que vou andar? Será que vou conseguir fazer a prova?” – porque mesmo no dia anterior eu não sabia. Podia sentir-me mal, estar doente, não tinha a certeza que ia alinhar. Sem dúvida alguma, foi todo esse stress que eu próprio criei a mim mesmo, acho que foi o mais negativo.
O mais positivo foi, sem dúvida, eu estar a alinhar no pontão e sentir – “Ok! Agora eu estou aqui, já nada me pode parar. Agora é só soltar tudo e dar o máximo!”
E durante a prova? Quais foram os teus pensamentos?
Eu fiz sempre a prova um pouco na expectativa, ou seja, o meu objetivo era fazer top 8, mas sempre pensando que preferia fazer top 16 do que nem acabar a prova. Ou seja, sinto que Portugal como investe nos atletas, não investe para nós sermos medalhas olímpicas, porque estamos muito aquém dessas obrigações. Os apoios que recebemos são muito poucos para isso e a nossa prova, por exemplo, é uma prova de longa duração e arriscar para fazer um pódio, possivelmente, ou se estoira ou não se sente bem e, ao acontecer isso, facilmente se sai do top 16. Saindo do top 16, sai-se do projeto olímpico, com todas as implicações que isso tem à volta. Fiz uma prova com uma natação forte, mas a tentar sentir-me bem do segmento de natação para o ciclismo. O ciclismo, no início, tinha uma grande subida, durante oito voltas, podia criar algum obstáculo e eu procurei desgastar-me o mínimo possível, porque sabia que a minha chave seria na corrida. Podia ter abordado a prova de uma maneira diferente, mais agressivo, ter ajudado um pouco mais no segmento de ciclismo, mas isso, decididamente, ia condicionar a minha corrida, não ia correr tão bem e ficaria mais ou menos no mesmo lugar, penso eu.
Depois dos jogos, fizeste mais duas provas, certo? Edmonton e Cozumel. Queres comentar? Teve condições muito difíceis?
Em Edmonton estava frio, perto de 7 graus para competir e, passado duas semanas, íamos para Cozumel, com temperaturas perto dos 40! Era como passar do “oito para os oito mil”. Em Edmonton abordei a prova de uma forma tranquila, a pensar que o objetivo da época estava feito, até porque a seguir aos jogos eu continuei a treinar, mas baixei um pouco tudo o que eram ritmos e intensidade e isso para o sprint fez-me sentir um pouco lento.
Em Cozumel, quando lá cheguei, vi que ia ser complicado, mas rapidamente me apercebi que ia ser bem mais complicado do que tinha pensado. Eu sou um atleta da categoria “pesada” e com o calor os atletas pesados ressentem-se mais. Eu fiz um segmento de natação que me deixou bastante confiante para o ano que vem, mas logo desde o início da bicicleta eu senti que aquela prova não era para as minhas características e tive que abdicar de ir no grupo. Sentia que assim que pusesse os pés no chão, nem conseguiria andar.
Fizeste uma natação excelente...
Sim, fiz uma natação excelente, mas depois na bicicleta senti que ia em esforço, que era muito complicado aguentar durante 40 kms e, se os aguentasse, depois a correr era passado por todo o grupo que estava comigo e depois ainda pelo grupo que estava comigo, que eram mais uns trinta... ou seja, como a prova contava a dobrar, para eu conseguir uma classificação final dentro do campeonato do mundo mais ou menos boa, tinha de apontar aí para um Top 5, Top 15, e então não podia arriscar muito, porque como disse os recursos são poucos e a disponibilidade é toda pouca. Temos que dar voos, mas com os pés bem assentes na terra. Sem dúvida alguma que para o ano que vem vou começar o ano mais agressivo e tentar logo andar na cabeça do grupo. Logo aí tenho que arriscar mais nas provas, mas acho que não é numa finalíssima, quando se pensa num resultado final, que te pode condicionar toda a época desportiva, que podes estar com muitas aventuras.
Sentes alguma responsabilidade por ter feito a melhor classificação de sempre de um atleta masculino nos jogos?
Não, de maneira alguma sinto responsabilidade. Sinto que é como se os meus sonhos se tivessem realizado. Fazer um Top 5 era tudo o que eu sonhava, mas sinceramente, depois do 5º lugar, quero fazer melhor ainda, então quer dizer que ainda não estou satisfeito.
Há pouco estavas a falar de Portugal, das vossas condições, ou antes, da falta delas. Como é que tu vês a evolução da modalidade em Portugal? Achas que pode melhorar, principalmente para vocês olímpicos, que são as nossas grandes esperanças e ídolos de muitas crianças hoje em dia?
Eu penso que nós olímpicos, hoje somos o presente e as crianças o futuro, sem dúvida alguma. As atuais condições que temos no centro de alto rendimento (CAR) são escassas, é praticamente impossível chegar ao meu nível, mesmo os clubes querendo muito. Mesmo investindo nos atletas é preciso envolvência. Quando estamos a trabalhar 35/40 horas semanais, quaisquer 15 minutos que percas para o treino, ao final do dia, se fores duas vezes à piscina, mais uma vez para pedalar e duas para correr, estamos a falar de duas horas que vou perder em deslocações e isso é impossível de conciliar com tanta hora de treino. E depois ainda tens as outras obrigações, como é o caso de estudar e o descanso.
Entendo o CAR, como um centro nacional de treinos, e, para conseguir chegar ao nível de um dos melhores do mundo, para conseguir evoluir bastante e chegar a um nível muito elevado, como o das grandes estrelas do triatlo, acho que é preciso mais condições e tentar sempre trabalhar mais e nunca estar satisfeito com o que temos.
Como é que é viver aqui no CAR? É muita pressão? É estar muito tempo fechado?
Eu lembro-me de ter vivido no CAR e quando eu vim para cá havia alguma pressão, mas eram muitos mais atletas a querer. Hoje em dia, parece que os próprios atletas não querem vir para o Centro de Alto Rendimento. Este ano abriram as candidaturas para o CAR e não tivemos nenhuma nova entrada. O grupo é um pouco fechado, a maneira de trabalhar é um pouco intensa, mas acho que tem bastante potencial e os resultados estão à vista. A Melanie tem os resultados que tem. Ficou fora do apuramento olímpico, quando aqui há dois anos ninguém dizia que ela conseguia um apuramento olímpico; o Miguel conseguiu ir aos jogos, quando metade das pessoas pensavam que era impossível; eu estou onde estou e temos toda uma base com Alexandre Nobre, David Luis, o João Ferreira, que são alguns dos melhores atletas de selecção, por isso acho que está mais do que provado que muito tem que passar pelo trabalho de cá.

É todo um sacrifício que têm de fazer...
Eu acho que é um sacrifício que se tem que fazer, ou não. Na minha ideia, um CAR é sempre uma mais valia para se conseguir chegar a um determinado objetivo, e se esse determinado objetivo é efetivamente a alta competição e o alto rendimento, sem dúvida alguma.
Relativamente à tua preparação, não só de triatleta, mas de um atleta em si. Tens várias componentes: a preparação física, a psicológica, alimentação... o que é que é mais difícil para ti?
Na minha maneira de ver, no início, um atleta só tem que pensar em treinar e descansar o máximo. Depois quando começa a chegar a uma determinada performance, sente que está a chegar muito perto do limite do potencial, então sim, tem que começar a pensar num psicólogo, na nutrição, no fator descanso. Acho que isso são tudo valências que vão aparecendo um pouco naturalmente e que depois de muito treino uma pessoa vai sentindo do que é que está a precisar. Pessoalmente, sempre me consegui ir aliando de pessoas capazes e profissionais. No campo da nutrição, sou seguido pela Gold Nutrition e por uma nutricionista que trabalha lá e que eu sinto que é bastante competente. No campo da psicologia, a cabeça, sem dúvida alguma, se uma pessoa não estiver efetivamente forte não consegue andar, mas a cabeça é que manda nas pernas a partir de um certo esforço. Tenho a sorte de trabalhar com o Pedro Almeida, que é um psicólogo desportivo, também um psicólogo do Benfica e é quem chefia o departamento de psicologia do clube. Sendo um psicólogo de desporto, é uma pessoa que me acompanha bastante bem. Ele ensina-me táticas e técnicas de dissuasão, ou seja, durante a natação, a bicicleta ou na corrida, é normal uma pessoa sentir dor quando está a correr, ou sentir o corpo a pedir para abrandar e eu tenho aprendido ao longo dos anos a conseguir ter táticas para pensar em coisas diferentes. Há certas táticas que nos ensinam a pensar de uma maneira diferente, quando se tem o corpo só a pedir para abrandar. Para isso tem que se estar munido de bons profissionais. Se queres ser um dos melhores do mundo, tens que estar a trabalhar com os melhores do mundo.
Julgo ser do conhecimento geral, mas gostaria de te perguntar: dos três segmentos, qual é o que gostas mais?
O segmento que mais gosto? Por acaso, toda a gente pensa que é a corrida (risos). Por sinal gosto bastante da corrida, mas eu considero que é a natação. Eu gosto bastante da natação. Para mim, treinar natação é o que eu mais gosto. É o mais exigente, até porque treinas todos os dias, é muito cíclico, há muitos momentos em que chegas ao máximo. Na corrida, já tem muitos treinos que é só rolar, não é preciso estar ali tão “top, top, top!” O ciclismo, sem dúvida alguma, é aquele que demora mais tempo a treinar, mas também é aquele que pode ser mais divertido, principalmente se fores com um grupo giro, com todos a tentarem descolar-se uns dos outros. Então é difícil eu dizer qual é o segmento que eu mais gosto. O segmento, sem dúvida, que me possibilita mais e que também me consegue prejudicar mais é o da corrida. Ou seja, na corrida é onde eu consigo perder uma prova, e foi onde perdi os JO em 2012, mas também foi na corrida que eu consegui fazer o quinto nos jogos olímpicos do Rio.
E para além do triatlo, quais são os teus interesses? O que é que gostas de fazer?
Gosto bastante de cinema! Também gosto bastante de não fazer nada! (risos) Sem dúvida alguma, gosto de ir jantar fora, de ir comer num japonês, num mexicano, gosto de passear aqui por Lisboa, aqui por perto, porque já viajo tanto, que sabe bem estar por aqui. Aliás, agora como estou assim meio de férias, ainda pensei em ir ao México passear, mas acabei por decidir ficar mesmo por cá. Gosto também de estar com a família, com os meus pais. Engraçado quando eu estava em casa dos meus pais com 18 anos só pensava em sair de casa. Agora, que já saí de casa há tantos anos, conseguir estar em casa, jantar, beber um bom vinho, ou estar à conversa até às tantas e olhar para o relógio e nem me aperceber que já passaram quatro horas desde que ali estava, é do melhor! Acho que quando se está em sintonia e se está a fluir, é importantíssimo para nos conseguirmos abstrair de todo o stress que nos envolve.
Falaste nas viagens. Quando viajam, consegues conhecer alguma coisa, consegues sequer ir passear, ou o ambiente é tão fechado que não dá?
Não, nunca viajo muito, aliás porque o objetivo da viagem é a competição, ou seja, antes da competição não ando a passear, e depois da competição o tempo também é pouco. A estadia é cara, só para lá estar a passear. Vou pedalar de bicicleta e se descobrimos um sítio que achamos giro de ver, porque tem uma ruinas engraçadas, procuramos passar por lá. A correr, procuramos conhecer um pouco as vilas. Mas para dar um exemplo, já estive na Ópera de Sydney, a fazer séries à volta do pavilhão, mas não cheguei a entrar para ver (risos).
Como é que descreverias o teu percurso até agora? Irreverente? Ousado? Atrevido?
Acho que o meu percurso é agressivo, arriscado e surpreendente. Agressivo porque fui do nada para ter tudo. Arriscado, porque tive que arriscar muito e algumas vezes, perdi. E ousado, porque foi preciso coragem. É muito por aí. Mas penso que ainda não cheguei onde quero chegar e ainda não estou onde quero estar e então, ainda, surpreendente.
E então, que planos para o futuro? Falaste em Tóquio...
Sim, eu falei dos próximos jogos em Tóquio. Depois passar um pouco para a distância longa. Eu consegui fazer aqui amigos e o Miguel Arraiolos para mim é um irmão, se conseguir estar envolvido por ele, por todas as pessoas de quem gosto e todas as pessoas em quem acredito, penso que é para continuar. Sem dúvida alguma fazer Tóquio com um objetivo competitivo ainda maior do que o do Rio, não tenho problema nenhum em dizê-lo, porque o meu objetivo para Tóquio é fazer um resultado melhor. E espero não ser quarto!
Claro esse é o meu objetivo, são os meus sonhos, são os meus planos e conseguir meter isso em prática é bastante complicado, mas tenho quatro anos para trabalhar o segmento de natação, melhorar a minha corrida e ver como é que será o triatlo daqui a quatro anos, porque também é um desporto que está em evolução. Não é que tenha ganho confiança, mas acho que estou numa altura que já não posso ter muitas dúvidas, nem muita insegurança, até porque já passou a altura em que fui agressivo, onde fui arriscado e está agora na altura de passar a ser surpreendente e conseguir fazer toda uma história um pouco diferente no triatlo.
Como é que é competir aqui em Portugal, com tanta gente à tua volta, com tanta gente a querer estar contigo?
A minha alcunha “Puras” surgiu numa altura em que eu trabalhava com o Sérgio Santos e o meu registo de atleta era um pouco diferente; não é que eu fosse um “baldas”, mas quando ía de fim de semana para casa, também não íamos muitos, o treino não era exatamente o planeado. Ele depois perguntava-me e eu para não mentir, desviava a conversa, fazia segundas intenções e ele chamava-me “Puras” por ser muito puro, por não conseguir mentir. Eu não lhe mentia, desviava-lhe um pouco a conversa. Ele sendo uma pessoa super esperta, percebia, e daí veio a alcunha de “Puras”.
Escola de Triatlo do Clube de Natação de Torres Novas
"A união faz a força"
Falar com o Paulo Antunes e com o Marco Sousa sobre os seus pupilos, faz-lhes brilhar os olhos. Falam dos seus atletas com uma enorme cumplicidade, conhecendo-os muito para além das suas características atléticas. Apercebemo-nos da naturalidade com que as coisas ali se dão, das brincadeiras entre atletas e treinadores e do enorme respeito e admiração que mutuamente partilham uns pelos outros. Convidamo-lo a conhecer connosco a Escola de Triatlo do Clube de Natação de Torres Novas.

Este foi o primeiro trabalho de reportagem que a Triatleta preparou. Janeiro 2016, quando ingenuamente pensámos que as questões burocráticas seriam rapidamente ultrapassadas, preparámos uma reportagem, onde acompanhamos todo um treino, onde incluía uma saída de bicicleta com o grupo dos atletas mais velhos pelas lezírias ribatejanas. Passou praticamente um ano! Volvida uma época, tudo estava desatualizado. Os campeões de 2015, voltaram a sê-lo em 2016, os mais pequenos cresceram tanto, que quase não dá para os reconhecer. As reportagens, ficaram desatualizadas e por isso, tivemos que lá voltar. E é sempre um prazer voltar a um lugar onde nos recebem tão bem. Entre calorosos abraços e sorrisos, e as perguntas dos mais novos “e então a revista?”, rapidamente nos sentimos integrados nesta equipa torrejana e ficamos contagiados pela boa disposição ali reinante.
Basicamente, o grupo de treinos divide-se em dois. Os mais novos, ficam à responsabilidade do paciente Marco Sousa e o grupo dos mais velhos, ficam com Paulo Antunes, também responsável pela escola.
É evidente o bom ambiente que se vive nesta escola. Entre piadas e gracejos, durante o aquecimento os mais velhos comentam entre si o Paulo Antunes a chegada dos irmãos Brownlee em Cozumel. O ambiente é descontraído, mas ao mesmo tempo, muito focado. Cá fora, o grupo dos mais novos, benjamins e infantis, fazem treino de corrida e ciclismo. À quarta-feira os seus treinos não incluem piscina.
Este é um treino leve, regressaram das férias há pouco, mas o nosso propósito não passa pelas metodologias do treino, mas dar a conhecer um pouco dos atletas, ouvi-los um pouco e com eles saber como chegaram até aqui e qual o caminho que pretendem seguir.
Paulo Antunes
Como surge a Escola de Triatlo em Torres Novas:
Após ter interrompido a minha carreira de triatleta, no final de 2005, ficou claro que um dia iria regressar a Torres Novas para iniciar uma nova etapa.
Após a Licenciatura em Educação Física e o regresso à minha cidade natal, surge em Novembro de 2009 a Escola de Triatlo como uma secção autónoma do Clube de Natação de Torres Novas.
Tudo começou com apenas 3 crianças com quem tinha falado na escola, e ao fim de 3 meses de actividade já contávamos com cerca de 10 jovens.
Numa fase inicial, a estrutura era muito pequena, e tive a preciosa ajuda da Mónica Granata, mãe de um dos primeiros triatletas do clube. À medida que os anos foram passando, mais jovens ingressaram no nosso clube e tivemos de nos organizar de outra forma. Foi então que deleguei e passei a dedicar-me única e exclusivamente ao treino. Hoje em dia temos uma estrutura composta pelos pais, que se articulam muito bem e onde nenhum pormenor é deixado ao acaso.
Hoje, passados quase 6 anos e alguns meses, contamos com cerca de 80 triatletas ligados à Secção de Triatlo do Clube de Natação de Torres Novas e 2 Técnicos (Paulo Antunes e Marco Sousa – responsável pelos atletas que estão ainda num nível introdutório).


Resultados e futuro:
Sem dúvida que os resultados são fruto de um trabalho diário e de dedicação dos jovens triatletas e dos seus treinadores, mas os resultados de destaque nestas idades têm de ser vistos e analisados com muita cautela. É importante que um jovem, sendo ele triatleta ou não, aprenda a perder. Se isto não acontecer, pode ser o princípio do fim.
No passado, estabeleci algumas metas, por exemplo conseguir colocar a médio prazo atletas nas selecções nacionais, e hoje, após 6 anos, temos já alguns atletas integrados nas selecções jovens. Lógico que se trata de um desporto individual, mas se não existir união num grupo, será que existe vontade de comparecer aos treinos? A minha resposta é claramente NÃO. Não existe nenhuma fórmula especial. Mas sim uma grande vontade em fazer crescer este grupo em todos os aspectos. Tento por isso desenvolver diariamente uma a relação de confiança com os atletas com o objetivo de alcançar bons resultados e elevados índices de assiduidade aos treinos. Aconselho também os atletas a vários níveis, não só a nível de treino, como a nível pessoal e envolvimento nos estudos/escola.

Objectivos:
Os objectivos passam por continuar a crescer de uma forma equilibrada e sustentada, por dar mais condições detreino aos nossos triatletas, obter resultados de destaque a nivel nacional e integrar um grupo de triatletas nas seleções nacionais.

Valores:
O sucesso contrói-se a partir da confiança estabelecida entre os vário intervenientes. Pela forma como vivi a modalidade e por aquilo que aprendi ao longo dos anos, sinto que se o espirito de grupo não estiver bem presente, nada se consegue. A união faz a força!

Pais/Treinadores:
Existem muitos treinadores que não são a favor de um constante diálogo com os pais dos atletas. Eu sou contra esta forma de pensar/agir e faço questão de esclarecer alguns assuntos e de retirar algumas informações úteis que os pais me possam facultar para perceber determinados comportamentos do jovem atleta.
Hoje, somos uma verdadeira família. Quando os nossos jovens vão a uma competição, é uma festa de união. Aluga-se um autocarro subsidiado (em parte pelos pais) e durante um dia várias famílias torrejanas ficam unidas em torno desta modalidade, fazendo dela uma festa dentro e fora da competição.
Marco Sousa
Este é o grupo da secção de Triatlo do Clube de Natação de Torres Novas, composto pelos nossos atletas mais novos, ou aqueles que estão na modalidade há menos tempo. A maioria dos atletas pertence aos escalões benjamins e infantis, mas também se incluem jovens mais velhos que ainda apresentam um nível desportivo inicial. Esta heterogeneidade obriga a que muitas vezes, seja necessário nas sessões de treino, a formação de dois sub grupos de trabalho.

Este é o grupo da secção de Triatlo do Clube de Natação de Torres Novas, composto pelos nossos atletas mais novos, ou aqueles que estão na modalidade há menos tempo. A maioria dos atletas pertence aos escalões benjamins e infantis, mas também se incluem jovens mais velhos que ainda apresentam um nível desportivo inicial. Esta heterogeneidade obriga a que muitas vezes, seja necessário nas sessões de treino, a formação de dois sub grupos de trabalho.
Ao longo do ano funcionou com cerca de 16 atletas, mas atualmente nesta fase de transição de épocas, entre antigos atletas, novas inscrições e jovens que estão a experimentar a nossa modalidade, estão a frequentar actualmente os treinos cerca de 22 jovens. Dentro dos 3 segmentos do Triatlo a nossa Escola pretende, que a maior aposta seja ao nível da natação, pois consideramos ser o segmento mais importante a trabalhar nestas idades de desenvolvimento. Não sendo os resultados desportivos o mais importante na formação dos nossos jovens, o nosso grande objetivo é formar praticantes para a vida, a competição está presente em todas as modalidades e faz também parte da formação e cultura desportiva dos jovens Triatletas.


Analisando os resultados desportivos da nossa Escola, constatamos que o nosso investimento ao nível da natação está a dar os seus frutos, na medida em que nossos atletas demonstram um significativo melhor desempenho desportivo em Triatlo e Aquatlo, comparativamente ao Duatlo.
Relativamente à distribuição, duração e número de sessões de treino de cada segmento temos:
- Segunda-feira:
- 80' Natação
- Terça-feira:
- 50' Natação + 40' Corrida
- Quinta-feira
- 50' Natação + 40' Corrida
- Sexta- feira
- 80' Natação
- Sábado
- 60' a 80' BTT e Transições
O Triatlo devido às suas características apresenta normalmente, muitas sessões de treino semanal e isso é por vezes um fator de preocupação por parte dos pais, com os quais temos uma estreita relação. Apesar dos resultados escolares dos nossos atletas ser também uma nossa preocupação, ao longo destes últimos anos constatamos, que a maioria obtém bons resultados académicos… acreditamos que a nossa modalidade desenvolve desde muito cedo, a capacidade de gestão do nosso precioso tempo, o que pode vir a ser uma valiosa ferramenta para a vida.
Sendo um vasto e heterogéneo grupo, também o desempenho de cada um dos seus elementos em prova foi distinto ao longo do Campeonato Nacional Jovem, resultado da sua diferente experiência, tempo de prática, ou fase de desenvolvimento maturacional.
Os atletas

Ricardo Batista
Tenho 15 anos e vim da natação. O Paulo convidou-me e achei uma modalidade gira por conciliar três desportos num só. Fui vice campeão de triatlo e campeão nacional de aquatlo.
Estou no 11º ano em ciências e a relação da escola com o desporto corre bem. Penso continuar a treinar até dar. Tenho de me aplicar nas duas partes, pois são as duas importantes.

José Pedro Vieira
Tenho 15 anos e passei agora para o escalão de cadetes. Vim para o triatlo através da natação. O Paulo viu-me e convidou-me. No principio eu não sabia muito bem o que era o triatlo, mas experimentei e acabei por gostar. Já andava de bicicleta aos fim de semana e a corrida foi uma questão de hábito.
Já consegui bons resultados, tendo sido vice-campeão nacional em iniciados por duas vezes. Em juvenil fui campeão nacional de triatlo e vice-campeão de aquatlo e duatlo.
Este ano ganhei os três campeonatos nacionais e consegui ir representar a seleção à Hungria onde fiquei em 4º lugar na semi-final.
Tento conciliar a escola com o triatlo e os fins de semana é o periodo onde tento estudar um pouco mais. Estou no 10º ano na área de ciências, pois é aquela que tem mais saída profissional

Afonso do Canto
Tenho 15 anos e pratico triatlo desde os 9. Iniciei-me nos Águias de Alpiarça e há um ano vim para o Torres Novas. O gosto pelo triatlo começou na natação. No final de uma dessas aulas, o meu professor perguntou-me se eu gostava de experimentar o triatlo. Na altura confundi com teatro e não estava a ver qualquer ligação, mas depois lá entendi. A partir daí começou uma longa paixão. Já fiz todos os escalões jovens e vou agora para o primeiro ano de cadetes. Desde pequeno comecei muito bem, com o titulo de vice-campeão nacional de benjamins e de campeão nacional de infantis.
Relativamente à escola, no início era muito fácil conciliar a escola com o triatlo, mas depois começou a complicar-se, mas tenho segredos para o fazer. Muita atenção na escola e muito organização. Limitar tempos e para isso criei uma folha com as tarefas.
Este ano com a minha irmã na primária vai ser diferente. Tenho que treinar uns dias em casa e o Paulo manda-me um planeamento com os treinos. Tenho o meu companheiro de treinos, o meu irmão, e gosto muito de treinar com ele já que ele me acalma.

Carolina Serra
Tenho 17 anos e vou agora para o 1º ano de júnior. Cheguei ao triatlo em 2011 vinda da natação. O meu irmão entrou para o triatlo e eu já gostava de correr. Comecei a fazer umas provas de aquatlo para pontuar para a equipa. Eu detestava andar de bicicleta. Tinha mesmo pânico. Essa foi uma passagem mesmo muito difícil. Depois lá consegui evoluir e acabei por me dedicar só ao triatlo e no meu primeiro ano de cadetes fui chamada a integrar a seleção nacional youth e a taça da Europa. Este ano representei a seleção nacional na taça Europa e no campeonato europeu, mas nenhuma correu como desejávamos, muito por causa dos meus problemas respiratórios. Este anos espero fazer uma boa época, sem lesões, de forma a pontuar quer no campeonato individual, quer no por equipas, já que vamos estar as três colegas mais a sério na competição.
Estou no 12º ano e quero ir para medicina, mas se não conseguir espero ir pela via do desporto de alto rendimento. As minhas notas são boas (tenho média de 17) para quem faz desporto todos os dias, com muitos treinos bi-diários e às vezes tri-diários.
Tenho conjugado bem as duas áreas, apesar de morar a 40 km de distância do local do treino. Quando os treinos são às 7, tenho de me levantar às 5:30. Acabado o treino vou para a escola e acabada a escola volto para o treino. Chego habitualmente por volta das 21 horas a casa.

Joana Miranda
Sou cadete, tenho 15 anos e iniciei-me no triatlo com nove anos e o segmento que mais gosto é a natação. Já representei por 4 vezes a seleção nacional e fui vice-campeã de aquatlo e campeã nacional no age-group. Espero para o ano vir a integrar a seleção e conquistar mais títulos nacionais.
Consigo conciliar muito bem a escola com o triatlo e no ano passado tive media de 17 em ciências.

Mariana Correia
Foi com os Jogos Olímpicos que tive o primeiro contato com o Triatlo. O Paulo Antunes era na altura o meu professor e pelo meio de uma explicação mais pormenorizada sobre a modalidade desafiou-me entrar no triatlo. Ao fim de um mês de treinos sozinha, entraram na equipa mais colegas e tudo começou a ser mais divertido. Agora somos bastantes, mas temos grupos distintos. No meu grupo somos três, mas no total somos treze.
Com exceção da quinta feira, treino todos os dias às 18 horas. Estou no 11º ano, na área de ciências e tenho que aproveitar todos os momentos livres para estudar. Pelo meio ainda tenho inglês extracurricular e isso ocupa-me 2:40 durante a semana. Pretendo seguir desporto para continuar ligada ao triatlo. Sobre a universidade, talvez Lisboa ou Rio Maior.
Os nossos pequenos campeões
As Competiçoes; Pontos Fortes; A Melhorar
Benjamins
- Ana Júlia:
- Efectuou 9 provas obtendo classificações entre o 3º e o 9º lugar; com prestações idênticas em triatlo, aquatlo e duatlo; natação ponto forte; corrida a melhorar.
- David Sá:
- Efectuou 9 provas obtendo classificações entre o 4º e o 14º lugar; com melhores prestações em triatlo e aquatlo; corrida e a sua garra como ponto forte; assiduidade em treino a melhorar.
- Francisco Carvalho:
- Efectuou 11 provas obtendo classificações entre o 1º e o 4º lugar; com melhores prestações em triatlo vencendo em todos; natação, transições e assiduidade em treino como pontos fortes; corrida a melhorar.
- Guilherme Neves:
- Efectuou 3 provas obtendo classificações entre o 5º e o 9º lugar; com idênticas prestações em aquatlo e duatlo; boa evolução na sua natação, corrida e a sua garra como pontos fortes; assiduidade em treino e em competição a melhorar.
- Margarida Inácio:
- Efectuou 4 provas obtendo classificações entre o 12º e o 24º lugar; com melhores prestações em triatlo; iniciou a prática esta época tendo feito uma evolução notável na natação; corrida e bike a melhorar.
- Miguel Gameiro:
- Efectuou 2 provas obtendo classificações entre o 21º e o 44º lugar; com melhores prestações em aquatlo; iniciou a prática esta época com boa evolução na natação; corrida, assiduidade em treino e em competição a melhorar.
- Rodrigo Viegas:
- Efectuou 10 provas obtendo classificações entre o 14º e o 32º lugar; com melhores prestações em triatlo; iniciou a prática esta época com muito boa evolução na natação; corrida e empenho em treino a melhorar. infantis.
- Afonso Mourão:
- Efectuou 5 provas obtendo classificações entre o 23º e o 30º lugar; com melhores prestações em duatlo; bike ponto forte; natação, empenho e assiduidade em treino e em competição a melhorar.
- André Neves:
- Efectuou 3 provas obtendo classificações entre o 40º e o 49º lugar; com melhores prestações em aquatlo; boa evolução na sua natação; assiduidade em treino e em competição a melhorar.
- Carolina Mendes:
- Efectuou 1 prova (13º) lugar; iniciou a prática esta época tendo feito uma evolução notável na natação e corrida; assiduidade em treino e em competição a melhorar.
- Inês Domingues:
- Efectuou 2 provas (11º, 11º) lugar; tem a sua garra como fonte forte; assiduidade em treino e em competição a melhorar.
Infantis
- João Batista:
- Efectuou 11 provas obtendo classificações entre o 1º e o 3º lugar; com melhores prestações em triatlo vencendo em todos; equilíbrio nos 3 segmentos e garra em competição como pontos fortes; transições a melhorar.
- Martim Salvador:
- Efectuou 7 provas obtendo classificações entre o 4º e o 12º lugar; com idênticas prestações em triatlo, aquatlo e duatlo; corrida como ponto forte e boa evolução na natação; assiduidade em treino e maior confiança nas suas capacidades a melhorar.
- Matilde Moita:
- Efectuou 1 prova (8º lugar); iniciou a prática esta época; natação o seu ponto forte; bike e transições a melhorar.
- Pedro Silva:
- Efectuou 11 provas obtendo classificações entre o 1º e o 5º lugar; com melhores prestações em triatlo e aquatlo; muito boa evolução ao longo da época e tem a natação e a sua excelente assiduidade em treino como pontos fortes; partidas a melhorar.
- Vasco Santos:
- Efectuou 10 provas obtendo classificações entre o 6º e o 20º lugar; com melhores prestações em triatlo e aquatlo; tem demonstrado uma grande evolução na natação sendo o seu ponto forte; a melhorar o seu empenho em treino e confiança nas suas capacidades.
Triatlo na sua distância nobre
Por David Caldeirão
O Ironman é um triatlo muito especial, onde a gestão do treino, da alimentação e do esforço no dia da prova têm que ser conjugados da melhor forma possível.

Para um triatleta amador (Age-Group), não são apenas os 3,8 km de natação, mais os 180 km de ciclismo e os 42,2 km de corrida no final, que contam. É toda a preparação, a conjugação de vários fatores, sempre com foco no triângulo, família-trabalho-treino.
Um triatleta que se dispõe a fazer um Ironman, vai à procura de superação, mas acaba por descobrir o quanto é possível ser organizado, metódico, disciplinado e motivado para atingir o seu objetivo.
Este ano voltei a marcar como objetivo, concluir um Ironman. Para isso dediquei os três últimos meses a uma preparação mais específica. Normalmente chega para quem já treina com bastante regularidade, mas é sempre preciso ter em atenção a capacidade individual de cada um, e, acima de tudo o histórico do treino de cada um. Foram três meses em que tive a sorte de não me lesionar e conseguir treinar sem grandes limitações.
O dia do IRONMAN é aquele que todos anseiam. Esta é uma organização muito profissional e onde tudo está pensado e preparado ao pormenor para que nada falte aos triatletas e acompanhantes, sempre com o intuito de proporcionar uma semana de “tri-turismo” associado aos eventos. No dia anterior, já todos os preparativos estão concluídos, todo o material necessário para a prova está entregue e preparado, milhares de bicicletas, milhares de sacos para as transições, tudo decorre com uma enorme serenidade e sente-se a ansiedade nos rostos de milhares de triatletas de todo o mundo.
O dia começa muito cedo. Por muito que se treine, parece que o estômago nunca está preparado para ingerir o pequeno almoço antes das 5 da madrugada. De volta ao enorme parque de transições, onde é preciso ter uma boa orientação para encontrar a nossa bicicleta, são 5:45. Falta cerca de uma hora para a partida, e já se sente um enorme frenesim. A quantidade do público que já ali está presente aquela hora é indescritível.
Partida em “rolling start”, a cada 4” vão saindo 3 triatletas. Por um lado, evita-se a confusão dos contactos na água, por outro perde-se completamente a noção dos tempos de cada um dos adversários. Sinceramente, parece-me melhor as partidas por vagas de Age-Group.
Num Ironman é indispensável ter um plano e tentar segui-lo durante a prova. Foi o que tentei fazer; na natação era para fazer nas calmas, talvez até demais, sem gastar muita energia e aproveitando ao máximo “a onda”. Ao sair da água reparo que tinha feito mais de uma hora, um pouco além do que é habitual, mas sem stress, a prova estava a começar. Saída para o ciclismo, com vontade, mas “obrigado” a conter os ânimos (já por várias vezes rebentei antes de terminar antes de terminar os 180 km e desta vez isto não ia acontecer). O percurso é muito rolante e os primeiros 50 km passam num instante, sempre a tentar não cair na “ratoeira” de drafting ilegal, que sempre acontece nestes primeiros kms. É realmente impressionante ver triatletas com bicicletas “mega €€€ aero” a rolar a um metro da roda da frente. (Enfim...)
Passo aos 100 kms com duas horas e meia, e, vou com receio. A última vez não correu nada bem, mas ia-me a sentir muito descontraído, finalmente a sentir a diversão que tanto se fala em prova. A segunda metade do ciclismo, já com um grupo de quatro triatletas bem definido e decorrendo sem quebras. Comer, hidratar, comer, hidratar, começo a acreditar, o relógio marca quatro horas e meia e já só faltam 15 kms, a média está nas “nuvens” e o corpo continua a responder. Poucas bicicletas na “avenida” do meu AG 40/44. O relógio marca abaixo da 4:50! Finalmente um tempo de jeito!
Chegada à hora de correr, tal como planeado, saio cauteloso. Vou a controlar o ritmo (4:30 era o planeado) e uma corrida positiva. Vou sorrindo e acenando, afinal até vou a “travar” o ímpeto. À passagem dos 21 km, consigo perceber que o relógio da prova marca 7:36, a cabeça começava a fazer contas, afinal só me falta uma hora e meia. Sem ter qualquer referência do lugar que ocupava, era o tempo que mais me interessava e estava ali tão perto de melhorar o meu melhor registo, 9:18.
Continuo a correr animado, mas aos 26 km, uma pequena paragem “técnica” quebra o ritmo. As pernas parecem agora de pedra, sei que não posso andar e continuo na luta, mas o ritmo cai abruptamente. É neste momento que habitualmente dizemos que levámos com a “marreta”. As pernas não respondem, a cabeça começa a quebrar também, começa a divagar. No meu caso agarrei-me a dois amigos que este ano nos deixaram, o Leonardo Lopes e o David Vaz, triatletas que partiram cedo demais. Percebo a sorte que tenho em estar ali, empenado e a sofrer, é sinal que estou vivo e só tenho que aproveitar essa dádiva. Falta uma volta, cerca de 10 km. Fiz 55 minutos dos 21 km aos 31 km! Já sofri, já quebrei, sei que muita gente me está a acompanhar e a vibrar, afinal o sonho está ali tão perto. Já não há pernas, já não há cabeça, sobra o coração, volto a encontrar um ritmo desconfortável, mas a meta está já ali. O apoio do público é ensurdecedor. Chego em 99º lugar, mas é como se fosse o primeiro! A corrida acaba com 3:31. Menos 15 minutos e tinha melhorado o meu tempo, muito provavelmente estaria agora com a “slot” para o Ironman Hawai World Championship 2017.

É o meu quinto Ironman, voltei a estar muito perto de melhorar o meu registo e acabei tranquilo, de consciência tranquila, porque dei tudo o que tinha e consegui gerir o melhor possível. Não as 9:31, mas os últimos três meses. Boas sensações, sofrimento, vibração, diversão e motivação. No fundo é isto o TRIATLO, sublimado pela distância nobre, aquela que esteve na origem deste desporto, o IRONMAN.
Ficha Técnica
- Propriedade
- SOEDIT-Unipessoal, Lda.
- Diretora
-
Sofia Henriques
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- Redacção
-
José Henriques
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Tamára Branco
- Fotografia
- Clarisse Henriques
- José Henriques
- Sofia Henriques
- Tamára Branco
- Inês Subtil (Foto do João Pereira)
- Colaborações
- David Caldeirão
- Filipe Valente
- Marco Sousa
- Paulo Antunes
- Tiago Silva
- Design Gráfico
- Francisco Henriques
- Capa
- Condat Silk 225 grs
- Miolo
- Condat Silk 100 grs
- Suplemento
- Inaset Plus Offset 90 grs
- Publicidade
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- Assinaturas
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